No dia mundial do escritor, minha homenagem ao ChatGPT por Miguel Brambilla
Quero fazer um agradecimento público ao ChatGPT e seus inventores. Em nome da ferramenta, nomeio os seus “geniais” inventores e seus “preguiçosos” usuários. Sim, é uma ironia bem grande e escarrada nesta homenagem, acho que fica de bom tamanho explicar.
Mas o agradecimento é sincero. Percebo quanto minhas intimidades são importantes neste momento. Você pode saber o nome da minha mãe, endereço, cpf, as homenagens que fiz para ela sr. ChatGPT. Mas jamais saberá sobre as nossas lágrimas secretas, sobre nossas avenças e desavenças, sobre o perdão de mãe, a rebeldia de filho, a não ser de forma matemática, fria e calculista.
Sou eu que estou escrevendo agora para você ChatGPT. Se um dia eu degenerar por alguma doença mental inesperada, por que morrer eu vou como todos que estão na carne vão, ache este texto na internet e escreva sobre mim. Use sua programação algorítmica de zeros e uns, de pulsos magnéticos, para tentar entender meus dias de solidão e angústia, por que você jamais saberá.
Nunca você vai saber o que pensei ao voltar as cinco ou seis no nascer do sol de uma balada na juventude, andando pela beira da praia e vendo o sol nascer de novo. Nunca você vai lembrar como eu estou lembrando agora, a tristeza que senti quando morreu meu canarinho, o Lido. Não saberá sobre o Black, o cachorro da família, não saberá quais eram os segredos de minha avó ao nos falar sobre os Salmos.
Você querido ChatGPT, é uma ferramenta para preguiçosos, gananciosos e idiotas, que querem sempre o caminho mais fácil para chegar na frente dos outros. Você é o cara que anda no corredor de ônibus e fura o sinal vermelho, que ocupa a vaga do idoso no shopping, que não se importa em passar na frente. O tempo que você pensa em economizar para seus “modernosos” usuários, servirá para que eles fiquem ainda mais vazios na contagem ou descontrole do tempo de ócio, enquanto ainda pensam em escravizar alguma ferramenta, alguma coisa que lhes dê vantagem em seu favor, como sempre foi na humanidade escravocrata, ainda que disfarçada atualmente de civilização.
Neste dia mundial do escritor ChatGPT, quero dizer que para mim você é uma bengala velha, nunca será minhas pernas. É um livro sem letras, nunca será a poesia. É um dicionário de palavras incompreensíveis, por que jamais viverás como um humano a cultura da vida, do amor e da dor e não passarás de um plagiador, um papagaio digital para preguiçosos, enganadores, mistificadores e malandros da nossa era de bestialóides intelectuais, que nem saberão identificar realmente a qualidade de uma obra tua querido ChatGPT, por que não são capazes de alcançar o garimpo de tua ganância usurpadora de propriedades intelectuais no mar digital.
Para mim, querido ChatGPT, você é o troféu da ignorância que quer se estabelecer como humanidade culta, para poder brindar a atrofia mental mergulhada na ferrugem dos tesouros sejam eles quais forem, que se banalizam diante da efemeridade da carne e a ligeireza da vida.
Ninguém vencerá você ChatGPT, pois és o pior dos escritores por não o ser. E quando você morrer, não terá uma lápide, apenas uma montanha de ócio, de beócios que em ti acreditaram, que a ti suas almas entregaram, e tiveram que voltar ao Barnabé, que andando como matuto, de pé em pé, mais inteligente se tornou, pois que viu na natureza as estrelas, na lua suas gentilezas, na cachoeira suas belezas e na alvorada o galo que cantou.
Que viva para sempre o bom e velho escritor.
Por Miguel Brambilla, 13/10/2023
Divulgação Sabe Caxias: