Águas contaminadas exigem cuidados precisos
Grasiela Monteiro – Dermatologista
Há um mês, testemunhamos a maior tragédia ambiental da história do Rio Grande do Sul. Para além da preocupação de salvamento e abrigo às famílias afetadas e, agora, de limpeza de residências, comércios e ruas, nos deparamos com questões de saúde pública. Um dos assuntos que acende um alerta é a exposição prolongada de pessoas às águas contaminadas, que carregam uma série de bactérias e vírus.
A Sociedade Brasileira de Dermatologia – Secção do Rio Grande do Sul (SBD-RS) emitiu um alerta para os riscos de doenças dermatológicas. A maior preocupação são doenças infecciosas como leptospirose, tétano, hepatite A e dermatoses como escabiose (sarna), pediculose (piolhos), dermatite de contato e infecções fúngicas, bacterianas e virais.
Nesse cenário em que há muitos voluntários ajudando no resgate e na limpeza é importante observar medidas preventivas não farmacológicas, tais como evitar o contato com água de enchente e lama, proteger os pés e as mãos com botas e luvas de borracha ou sacos plásticos duplos e, quando houver condições, aplicar protetor solar e repelente com icaridina – substância eficiente na proteção contra insetos.
Não deixe que crianças nadem ou brinquem na água e na lama das enchentes. Evite manusear objetos que tenham sido atingidos. Jogue fora medicamentos e alimentos que entraram em contato com essas águas, mesmo que estejam embalados ou fechados, pois, ainda assim, podem estar contaminados.
Lave bem as mãos antes de preparar alimentos e ao se alimentar. Procure beber sempre água potável e a utilize no preparo dos alimentos, especialmente no das crianças menores de um ano. Para garantir que a água é segura para consumo, ferva-a por, ao menos, um minuto ou adicione duas gotas de hipoclorito de sódio (água sanitária) com concentração de 2,5% para cada litro de água, que pode ser encontrado em farmácias ou supermercados.
No caso dos utensílios domésticos, lave-os normalmente com água e sabão. Depois, prepare uma solução desinfetante, diluindo um copo (200 ml) de água sanitária em quatro copos de água. Mergulhe os objetos lavados na solução, deixando-os ali por, pelo menos, uma hora.
Já pisos, paredes, móveis e outros objetos, após retirar a lama, lave o local com água e sabão, e prepare uma solução diluindo um copo de água sanitária para um balde de 20 litros de água. Umedeça um pano e passe nas superfícies, deixando-as secar naturalmente.
Em caso de suspeita de doenças dermatológicas ou qualquer sintoma relacionado ao contato com águas poluídas, procure um dermatologista.
Divulgação Sabe Caxias: