Para onde caminha a cidade? / Jessica De Carli – Arquiteta e Urbanista

Jéssica De Carli – crédito Florencia Menegolla

Esta é a grande pergunta para o mercado imobiliário. Novos fundos de investimentos viabilizam recursos para a reincorporação de imóveis antigos nos centros urbanos, criando uma nova classe de ativos no setor financeiro. Em um mundo onde a sustentabilidade e a eficiência energética são cada vez mais valorizadas, o retrofit – intervenção que moderniza um edifício já construído – surge como uma solução estratégica, pois melhora a infraestrutura existente e a adapta às normas de segurança e à acessibilidade, reduzindo o impacto ambiental associado à construção de novos edifícios. 

A requalificação de uma edificação ociosa no centro da cidade, por si só, já é fato que garante sua legitimidade. Sabe-se que a maior causa de insegurança nas ruas são os centros abandonados e a falta de fachadas ativas, aquele pavimento térreo destinado a comércios e serviços em uma área aberta à população. A reativação das áreas urbanas, via de regra, passam pela requalificação arquitetônica dos prédios. À medida que as pessoas ocupam as ruas como espaço de convívio, cria-se um ambiente de vitalidade urbana. A diversidade de usos cotidianos e a constante presença de cidadãos no meio público garantem a sustentação, tanto econômica quanto social, proporcionando que a comunidade se relacione com o todo em diferentes horários, buscando criar ecossistemas propícios ao encontro e à convivência.

São Paulo, desde 2021, possui o programa “Requalifica Centro”. Essa é uma iniciativa da Prefeitura paulista que concede incentivos fiscais e um regime específico para a requalificação de prédios antigos na região central. O objetivo é atrair mais moradores, usuários, comércio e novos investimentos para o centro da cidade. A Prefeitura de São Paulo autorizou uma obra de retrofit a cada 18 dias, no último ano.

Precisamos avançar muito em relação à discussão da ativação do Centro Histórico em Caxias do Sul. Que estejamos atentos às boas iniciativas e que elas sirvam de exemplo para o município. Afinal, qual cidade recebemos dos nossos antepassados e qual a cidade que vamos deixar como legado para os que virão? Esta é a pergunta que ainda precisamos responder.

Divulgação Sabe Caxias:

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