CIÊNCIA Por que tão poucos casos de coronavírus foram relatados na África?

A disseminação no país africano é preocupante por causa da fragilidade do sistema de saúde e devido aos problemas já existentes

Os especialistas ainda não sabem por que tão poucos casos do novo coronavírus foram relatados na África, apesar da China – onde o vírus se originou – ser o principal parceiro comercial do continente com uma população de 1,3 bilhão de pessoas, aponta a publicação NewScientist.

Embora o número oficial de casos no Egito tenha aumentado de dois para 59 no fim de semana, incluindo 33 pessoas que estavam em um cruzeiro pelo Nilo, na África, o número de casos permaneceu baixo.

Na manhã de terça-feira, havia apenas 95 casos oficiais no continente, embora dois países – Togo e Camarões – relataram seus primeiros casos no fim de semana. A disseminação na África é preocupante por causa da fragilidade do sistema de saúde, e pelo continente já enfrentar grandes problemas de saúde pública, como malária, tuberculose e HIV.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) se apressou em reforçar a capacidade dos países africanos de testar o vírus e treinar profissionais de saúde para cuidar das pessoas afetadas por ele. Somente o Senegal e a África do Sul tinham laboratórios que poderiam testar o vírus no final de janeiro, mas 37 países agora têm capacidade de teste.

Mary Stephen, da OMS, com sede em Brazzaville, na República do Congo, diz que acredita que a contagem de casos é precisa, porque mais de 400 pessoas foram testadas para a covid-19 em toda a África até agora. “Eu não diria que é uma subestimação”, diz ela. “Sempre será possível perder casos e isso sempre foi admitido no Reino Unido”, diz Mark Woolhouse, da Universidade de Edimburgo, Reino Unido. Mas, dada a maior conscientização na África, a falta de mortes relacionadas ao coronavírus no continente implica que ainda não existem grandes surtos não detectados, diz ele. “Se houvesse grandes surtos, da escala que a Itália ou o Irã tiveram, em qualquer lugar da África, eu esperaria que essas mortes estivessem bem acima do radar até agora”.

 

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