MOURÃO JÁ ESTÁ CHEIRANDO A TEMER? por Miguel Brambilla

Aqui quem escreve é um ignóbil beócio, observador de uma esdrúxula realidade tupiniquim, que já não pode ser observada sem grandes doses de ironia, já que vodka  emborracha o fígado e a pinga já fez sua dose de estragos inclusive na conduta de alguns  poderosos, que rapidamente aprenderam a se locupletar com o poder. Entre Bóris e Silvas, existem outros que eu diria, sem isentar o passado de ninguém e nem condenar ninguém as penas eternas por uma razão simples, não tenho esse poder, sigo como “jeca nacional”, representante desta classe de estúpidos governados por abutres, que já tem cheiro de podre no ar.

Mourão vai ser presidente, já exala cheiro de Temer.

Como a narina dos acostumados em viver próximos ao chorume se acostuma com os aromas da podridão, talvez a reação de asco relacionada a Roma da era pós sei lá o que, chamada Brasil já nem embrulhe mais os estômagos, afinal de contas, um povo que mergulha no esgoto deveria estar imune não só aos infinitos vírus que ainda aparecerão para derrotar os distraídos cidadãos brasileiros, preocupados talvez em simplesmente…comer.

Se as chamas do inferno convenceram Dante de que seria necessário algum tipo de redenção, era por que o Brasil ainda não tinha se apresentado ao mundo tecnológico ou nano cerebral, por que sim, seremos responsáveis por tudo o que se chamará no futuro de covardia. As chamas de esperança se misturam rapidamente neste país, com as chamas de um caldeirão infinito de problemas e de balelas contadas como verdades, que nem o famoso personagem dos mitos de Rumpelstichen na história dos Irmãos Grimm em 1812 faria melhor.

“Hoje eu frito, amanhã eu frito!Depois de amanhã eu frito!Coisa boa é ninguém que eu fritoQue o meu nome é Rumpelstiltskin”

O “Anão Saltador”, é o Brasil. O povo privado de lideranças mais honestas e corajosas, são talvez as bactérias do intestino deste personagem mau caráter, bem representado em Shrek 4. Quando o ogro domesticado, cansado das rotinas do matrimônio se revolta e precisa dar apenas um dia para o negociador ilusionista em troca de felicidade, não se toca que ele entrega o dia do seu nascimento e portanto, passa a não existir, caindo em uma realidade paralela. Ninguém mais o conhece. Só o enganador que já não finge, pois está no poder.

O dia perdido do contrato assinado por Shrek para nós brasileiros, é o dia da votação. Aperte-se o botão, assine-se o contrato social de transferência do voto, legalize-se o poder nas mãos das hienas, das raposas, das bruxas, dos Rumpelstilskins’s de plantão e…”Voilà mes gestes, voilà mon essence”, ninguém mais reconhece com verdadeira sinceridade as necessidades da nação.

Deste instante em diante, tudo pode esperar. Fome, miséria, doença. Tudo passa para o segundo plano no reino dos midas eleitos para mudarem um mundo que sempre quiseram fazer parte e ter a chance de também se locupletar com seus quinhões de poder, de demagogia, de hipocrisia.

Assim, chegamos ao faro fino, ao olho do dragão que consome os escrúpulos de quem está a um passo do poder…o vice.

Bastou a notícia publicada nesta terça feira, para que o cheiro de chorume tomasse conta da atmosfera nacional. Mas ninguém vai perceber fora dos biombos desnudados da política nacional, mas que só são transparentes para os olhos que querem ver ou prescrutar o significado de tantas verdades ocultas. Por que isso é um garimpo e na verdade, profundamente cansativo e afinal, começou o BBB Pandemia. Bolsonaro deveria agradecer a Globo que tira do ar e teleguia para o mundo da fantasia hedonista um mar de brasileiros preguiçosos mentalmente, que sonha em ganhar na loteria e ter fama e dinheiro fácil, usando o corpo ou a intriga com plateia para atingir objetivos materiais, fingindo alianças, conspirando. Falo da “casa mais amada do Brasil”, como dizia o ex-apresentador Bial, que cobriu a queda do muro de Berlin, mas preferiu se deixar levar pela rebuscada poesia de fundo de quintal em dia de churrasco barato, para dizer quem sai da casa.

O discurso do Bial, deveria aliás ser o discurso do “Nhonho”, que os ambientalistas me incendeiem, mas antes confiram quantas árvores já plantei, na “tuitada” ébria do ministro do “pior ambiente”, Ricardo…coração de “passa boi passa boiada” Sales. Talvez realmente o sonho romano deste cidadão seja mesmo salgar os terrenos da nação para razões mais obscuras do que a extração de nióbio com cloroquina, já que o Boslonaro nem lembra mais disso e agora terá que explicar a extração de dinheiro público para sua dispensa no escândalo do dia.

Cheguei finalmente na manchete do GZH desta madrugada. Nem li a notícia. Não precisa. A mensagem está clara. “Mourão diz sentir falta de conversar com Bolsonaro”. Temer escreveu uma carta para Dilma. Mourão, que já sente o cheirinho de história para ficar no comando do Brasil-Roma em seus piores momentos da república, nem lembra desta conversa mole de “não consigo falar com o chefe”. O exército já percebeu faz tempo que o Bolsonaro vai fritar mais um general, desta vez o mais beócio que eu, Pazzuelo, que lógicamente, não entende nem de medicina, nem de logística.

Bolsonaro lembra os vilões trapalhões dos filmes baratos, que fritam os amigos para se proteger, achando que ninguém está vendo. Infelizmente para ele agora os tempos são outros.

Mourão não quer conversar com o “chefe”. Não está nem aí para o “chefe”. Já está dando declarações pensando na cadeira do “chefe”, usando a mesma estratégia do inacessível. Parece que acordamos no mesmo dia em que o Shrek assinou o contrato com o anão enganador.

O Burro não o reconhece, nem sua esposa e as bruxas o caçam o tempo todo. Mas, claro, tem que ter um final feliz e uma mensagem, ele vira o jogo, reconquista a esposa, acaba com o vilão e o final eu já contei, volta para casa e “faz o urro”.

Rodrigo Maia, depois de cair da pilha de mais de 57 pedidos de impeachment, agora grita, “façam alguma coisa”, quer a CPI da Saúde e se livrou do contragolpe dos presidentes da Câmara brasileiros que enfrentam o desafio da briga institucional autorizando que se discuta o impeachment. Um homem só barrou 57 vezes um debate simples. Fica ou sai? Então somos democratas que criam avenidas de democracia, como autobahns alemãs, aumentando o fluxo de velocidade, da ilusão de conquista de território, mas no final, quando se chega no trânsito urbano, para sair da via, afunilamos tudo em uma única saída, estreita e não pavimentada, com apenas uma placa de pare nas mãos de um funcionário público preguiçoso?

Ouvindo Rush enquanto escrevo, fico pensando na matemática precisa do baterista Neil Peart. Assim como a música é matemática como um relógio, a democracia também deveria ser. Mas não é. A democracia brasileira não é como os conceitos de Pitágoras que em tudo conseguia ver os números, mas como os quadros distorcidos do alucinado Dali.

As vezes não quero mais brincar. Quero pegar a bola e ir para casa dormir. Quero jogar botão no corredor entre os quartos, de joelhos, numa solitária narração, por que ali, até o Grêmio que não é meu time, tinha chance de ser campeão brasileiro, por que eu pensava em ser justo. Até dormindo eu saía da cama para me envolver nas ilusões deste mundo de imaginação que consegui levar até uns 12 anos, talvez 13, quando meu pai talvez começou a achar que eu fosse um retardado. Então, para agradá-lo, resolvi virar cantor.

Então logo entendi. É um papo furado sem tamanho. Ninguém quer nada com nada. Ninguém está disposto a mudar a realidade para ajudar ao próximo. Só escrever o próprio nome da história.

Temer mandou uma carta para Dilma, fingindo ser estadista e querendo passar a imagem de democrata estadista.

Mourão vai mandar talvez uma caixa de cloroquina autografada para o chefe, pela boca da ema, para demonstrar boa vontade e que respeita a liturgia do cargo.

No fundo, porém, e é opinião deste ainda beócio ignóbil que não joga mais botão e se arrisca a escrever numa madrugada solitária, talvez para ecoar no nada ou quem sabe, na resposta do “Chapeleiro Louco”, no gato da Alice no País das Maravilhas, por que só assim para continuar, inventando a própria realidade, e fingindo que o mundo lá fora é mesmo um inferno, “cheio de boas intenções”, há uma saída falsa no poço, coberta de lama, para que se tenha a “esperança” de se poder cair ainda mais fundo. Só enganação mesmo.

Se não exalei toda minha ironia cínica até aqui, poderia ficar ouvindo a melodia da batida perfeita na matemática bateria, até que meus dedos não conseguissem mais responder as mensagens do meu cérebro. Minha mente não está aqui e a única droga do momento é cafeína. Não estou dormindo, estou acordado. O que acontece no Brasil? Não sei.

Vamos lá para ver no que dá…Mourão vai virar presidente. Já exala cheiro de Temer.

 

 

 

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