Opinião: Terror e êxtase sem detalhes de cetim

Moah Sousa, jornalista, escritor e produtor cultural

A força-tarefa, configurada por mais de trezentos policiais civis e militares, com apoio das Forças Armadas, que tenta capturar Lázaro Barbosa há três semanas, encontrou na terça-feira, 22, um esvoaçante lençol de algodão egípcio na área investigada. O local da descoberta, município de Girassol, Interior goiano, poderia ter sido usado como esconderijo pelo fugitivo, segundo despacho das autoridades competentes.

Enquanto isso, no Distrito Federal, a corte palaciana dança livremente a macabra sinfonia de 500 mil cadáveres. Neste compasso, a imunidade do rebanho chegará a um milhão de mortos na rápida batida do tempo.

Francisco de Assis, fritador de pastéis no Mercado Público de Porto Alegre, diz à freguesia que Lázaro é muito parecido com Bolsonaro. “Gostam de armas, de matar gente inocente e de dormir entrelaçado em lençóis macios”, compara como se fosse um Roberto Carlos.

“Um mente pra ficar mais rico e poder atirar mentiras pelo chão. Já o outro, vive no terror e no êxtase da miséria brasileira”, fritou Assis sem piedade.

O pasteleiro ajeita a máscara, um pedido aqui, um sorriso pra mocinha que comprou um cigarro avulso ali. De repente, ele fincou o cotovelo do balcão de fórmica acinzentada e azeitonou a prosa. “Com todo o respeito, Bolso e o Lazarento são farinhas do mesmo saco”, sentenciou.

No canto direito do balcão, uma voz ajuntou: “se ele escapar, vai virar ministro da Defesa”. A corneta partiu da garganta dum milico aposentado que pediu anonimato e meia taça de café com leite.

E a lida da vida galopa cada vez mais cara. O cenário da dor conta com lençóis encardidos de sangue e pouca polenta na chapa. Nada de vacina para todos. Nada de empregos. Nada de auxílio emergencial digno pra quem precisa. Nada de kibe e nada da doçura dos pastéis de belém. Vidas que seguem sem detalhes de cetim.

 

One Response to Opinião: Terror e êxtase sem detalhes de cetim

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *