História do VÔO LIVRE é contada em documentário
Entre 1989 e 1994, o icônico VÔO LIVRE se tornou o principal ponto de encontro de artistas, gestores culturais, jornalistas, publicitários, políticos ativistas, empresários e profissionais liberais, entre outros formadores de opinião da época.
Além dos antigos donos do espaço, Volnei Mari e Eliana Mara Albuquerque Turbay Mari, outros 21 fiéis frequentadores deram seus depoimentos, que foram “costurados” para contar a história do bar com fotografias, vídeos e objetos de memorabília.
Com cerca de 48 minutos de duração, o documentário tem direção e roteiro de Le Daros e produção cultural de Claudio Troian. Conta com financiamento da Lei Municipal de Incentivo à Cultura (LIC) e apoio cultural da Bitcom.
A imagem de um pássaro sobrevoando a cidade – símbolo do bar – resumia a proposta de “liberdade de ser e de fazer”. Música boa, performances, artes visuais, poesia, comida árabe-libanesa e muito espaço para diálogos e experimentalismos num clima de total descontração e respeito às diferenças davam forma ao bar.
“O VÔO LIVRE marcou mentes e corações e o documentário buscou resgatar o espírito desse espaço-tempo forjador de consciências livres”, define Le Daros. Segundo ele, o documentário manteve a grafia original do nome do bar (Vôo – com acento circunflexo). Ele informa que, após o lançamento, o documentário VÔO LIVRE será disponibilizado no Youtube e em redes sociais.
POR DENTRO DA HISTÓRIA
Era madrugada no final de dezembro do ano de 1988. O casal Volnei Mari e Eliana Mara Albuquerque Turbay, perambulava pela cidade, juntamente com o amigo José Ricardo de Oliveira Proença, sem alternativa de um espaço que os acolhesse. Ali mesmo, no meio da rua, decidiram montar um bar que fosse inclusivo e agregador de ideias iniciativas.
Os três não tinham dinheiro para o empreendimento, mas foi botar a ideia na roda e uma legião de voluntários se apresentou: Marco de Menezes e Manoel Licks projetaram e executaram o visual da fachada do bar, Erni Sabedot criou um teto autoral feito de sacas de café que simulava uma tenda árabe e Élvio Gonçalves organizou os materiais gráficos. Só para citar alguns dos tantos colaboradores.
Da ideia à inauguração, pouco mais de 40 dias se passaram.
“Marcamos a data de 10 de fevereiro. Iríamos fazer uma abertura privada, mas a data vasou. Quando cheguei no bar, me deparei com a rua lotada de gente aguardando para entrar”, conta Eliana.
“Nós literalmente construímos o VÔO LIVRE com as próprias mãos. Era um momento político importante no país. Éramos muito democráticos; abríamos espaços para diferentes manifestações de cultura, desde exposições de arte, marionetes, esquetes, até consultas de tarô”, complementa Volnei. José Ricardo de Oliveira Proença retirou-se da sociedade poucos meses depois.
Boa música e boa comida eram também marcas do local. A cozinha pilotada por Eliana (neta de sírio libanês) tinha um cardápio diferenciado com esfihas abertas e fechadas, charuto (cobertura de folhas de parreira), kibe (assado e cru), tabule e o famoso beirute.
Para complementar, Eliana e Volnei lançaram o Troféu Destaque Vôo Livre, a fim de homenagear personalidades nas áreas de esporte, música, literatura, dança e outros. “O povo escolhia e votava. Tudo era muito efervescente”, conta Volnei.
Em 1994 um garçom moveu um processo trabalhista que selou o fechamento do bar. O casal já havia se separado e Eliana mudou-se para Florianópolis, onde voltou a atuar como professora e mais tarde se aposentar.
Divulgação Sabe Caxias:
CORTA PARA 2017
A história do VÔO LIVRE chegou aos ouvidos do produtor cultural Claudio Troian que foi apresentado a Volnei Mari através de Erni Sabedot. Troian sugeriu a produção de um documentário e um grupo no whatsapp passou a reunir amigos da época e a garimpar memórias e materiais.
Em janeiro de 2017, Eliana foi chamada para participar do documentário e reencontrou Volnei Mari. Foi amor à segunda vista. Em maio daquele ano os dois se casaram no civil. O correspondente a uma cerimônia religiosa teve como cerimonialista ninguém menos do que o produtor cultural Claudio Troian, responsável indireto pela reaproximação do casal.
Em 2021, Eliana conta emocionada essa história e avisa que toda a sua família virá de São Paulo para o lançamento. Orientada pelo produtor Le Daros, ela já está se preparando para a ocasião.
“Vou comprar quatro caixinhas de lenços. Frequentei os maiores bares de São Paulo – era uma boêmia inveterada. Mas não lembro de ter visto algum documentário sobre um bar. Vou assistir só no dia. Vai ser muita emoção”, prevê.
SERVIÇO
LANÇAMENTO DOCUMENTÁRIO VÔO LIVRE
Data: 22 de janeiro de 2022 – sábado – 17h
Local: Sala de Cinema Ulysses Geremia – Centro de Cultura Ordovás
Tempo: 48’32”
Financiamento: Lei Municipal de Incentivo à Cultura (LIC) e apoio cultural da Bitcom
Ficha técnica:
Direção e Roteiro: Le Daros
Edição: Lorena Marcos
Dir. de Fotografia e Finalização: Gustavo Lopes
Assist. de Fotografia: Vacionir Junior
Mixagem de Som: Estúdio Sona
Assistente de Produção: Sara Eduarda de Castro
Trilha Musical: Laco e Edson, Mozer de Oliveira
Produção Cultural: Claudio Troian
Depoentes para o documentários: ELIANA MARA ALBUQUERQUE TURBAY MARI – VOLNEI MARI. ÁLVARO GARCIA – ANA CORSO – CIRO FABRIS – DINARTE ALBUQUERQUE FILHO – EDSON FULBER – EDSON MARCHIORO – ÉLVIO GONÇALVES – ERNI SABEDOT – JOÃO PULITA – JORGE VALMINI – PEPE VARGAS – MANOEL J. LICKS – MARCO DE MENEZES – MAURICIO RAMOS – MÔNICA MONTANARI – MOZER DE OLIVEIRA – NIVALDO PEREIRA – RICARDO MANFREDINI – SILVANA BOONE – VÂNIA LAIN – ZICA STOCKMANS