Sérgio Moro afirma que deu um passo atrás para dar vários outros para a frente
Ex-ministro foi o palestrante da reunião-almoço da CIC Caxias na segunda-feira (11)
A Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias) estreou nesta segunda-feira (11) o novo formato da reunião-almoço. Agora com a marca reposicionada para RA CIC Caxias, o evento de estreia contou com a palestra do ex-ministro da Justiça e ex-juiz federal Sérgio Moro. “Eu não desisti de transformar ou de mudar o País. Ocorre que existe uma percepção de que é necessário que haja uma via democrática única para fazer frente as duas propostas políticas de extremos. E a gente precisa ter um centro unificado para fazer face a esses desafios. Nesta perspectiva, ninguém abria mão de nada, ninguém se dispunha a fazer uma espécie de sacrifício, e essa minha movimentação representa a ideia de dar um passo atrás para ajudar na formação dessa via democrática, para conseguir reunir as forças necessárias para ir adiante”, explicou Moro já no início de sua apresentação, justificando sua filiação ao partido União Brasil.
De acordo com o jurista, a ideia da sigla é apresentar um candidato único para conseguir vencer a polarização que, afirmou, não é boa para o País. “Essa polarização acaba alimentando rancor, acaba alimentando ódio e, se não tomarmos cuidado, pode também alimentar violência”. Sérgio Moro disse que para resolver os problemas do País é preciso olhar para o futuro, e que esse futuro não está nem num governo do passado, “que fracassou e que está manchado por escândalos de corrupção”, mas também não está no governo atual, “que entrega um País estagnado economicamente e que abandonou as promessas que havia feito em 2018, especialmente as promessas relacionadas à continuidade do combate à corrupção e um governo que nos isolou internacionalmente”.
Em relação a este isolamento diplomático, Sérgio Moro citou como exemplo o tratado entre Mercosul e União Europeia, que abriria mercados europeus aos produtos brasileiros, que está parado nos parlamentos europeus, segundo ele. “Não vai andar enquanto for este o governo. E também não vai andar se a alternativa a este governo for o governo passado. As respostas para os nossos problemas atuais não estão nos dois candidatos dos extremos. Precisamos ter uma agenda moderna, vigorosa no tema das reformas”, ressaltou, citando as reformas administrativa e tributária.
Sérgio Moro falou também sobre conservação do meio ambiente, desenvolvimento sustentável, Floresta Amazônica, movimento ESG (Environmental, Social and Governance) e sobre o fato de o Brasil ser visto lá fora como vilão ambiental. “O Brasil vai perdendo oportunidades de negócios porque está com a prática errada e com o discurso equivocado. Precisamos ter uma proposta de governo que pense no crescimento econômico sustentável e inclusivo, para reduzir a pobreza e a desigualdade”, afirmou.
Sobre corrupção, o ex-ministro relatou que o País avançou com a Lava Jato. “Pela primeira vez se viu gente poderosa sendo processada e julgada. Ninguém na Lava Jato foi preso ou condenado senão porque ou pagou suborno ou porque recebeu suborno”. Nos últimos anos, acrescentou, o que se viu foi uma série de retrocessos. “O que aconteceu foi um desmantelamento do combate à corrupção no Brasil. Procuradores que não procuram, justiça que não julga, policiais que não investigam. É esse o retrato atual”, argumentou Sérgio Moro. Ele lembrou que por conta da Operação Lava Jato R$ 6 bilhões foram recuperados para os cofres da Petrobras. “A Lava Jato foi uma conquista da sociedade brasileira”.
Em relação às propostas para o Brasil, Moro reforçou a necessidade de um projeto que contemple as reformas e defendeu o fim da reeleição para presidente da República, o fim do foro privilegiado, a volta da execução em segunda instância, a proteção a algumas instituições de controle, como por exemplo mandato fixo para diretor da Polícia Federal e indicação ao Supremo Tribunal Federal de nomes que tenham histórico de combate à corrupção.
Moro revelou que o economista Affonso Celso Pastore está trabalhando no seu programa econômico, o médico Denizar Vianna nas propostas da área da saúde, além de ter grupos atuando para desenvolver propostas para a área de educação, serviço público e cultura. Lamentou que nenhum dos pré-candidatos a Presidência da República fale a respeito do combate à corrupção. “Desanimado, mas também com vontade de lutar”, concluiu.
Divulgação Sabe Caxias:
Carta de Princípios
O presidente da CIC Caxias, Celestino Oscar Loro, na abertura da RA, disse que o objetivo da vinda do ex-ministro era ouvir suas ideias sobre a administração da coisa pública. “O senhor é o primeiro postulante a cargo público a receber um documento que foi produzido pelas instâncias políticas da nossa entidade com os princípios que defendemos para o projeto de Nação que queremos”, pontuou o dirigente.
De acordo com Loro, a Carta de Princípios (anexa) externa o pensamento da classe empresarial de Caxias do Sul a respeito de questões de Estado que são relevantes neste momento de polarização por que passa o País.
Ao longo do ano, a entidade receberá os demais pré-candidatos a presidente da República que solicitarem agenda.