Artigo // Os desafios no cuidado da Doença de Alzheimer // Gabriela de Oliveira – Médica geriátrica

Gabriela de Oliveira – Foto Fabio Grison

É fato que o crescimento da população de idosos no mundo é um fenômeno. No Brasil, por exemplo, observou-se um aumento de 39,8 % entre 2012 e 2021, segundo dados do IBGE, e já sabemos que esses números acarretam em mudanças no perfil epidemiológico no qual predominam as doenças crônicas que podem limitar e comprometer a capacidade funcional e a qualidade de vida desse expressivo grupo. Dentre elas, destacam-se as demências, e a mais comum é a Doença de Alzheimer (DA).

Caracterizada por ser uma patologia neurológica degenerativa, progressiva e irreversível, a Doença de Alzheimer, além de deteriorar cada vez mais o nível cognitivo, atinge a capacidade funcional do ser humano e, muitas vezes, resulta na necessidade de um cuidador que possa auxiliar o enfermo em suas atividades. Com o avanço dos sintomas há a demanda de maior nível de cuidados, o que pode trazer forte impacto tanto na vida do paciente quanto para as pessoas ao seu redor.

As alterações físicas e psíquicas decorrentes geram situações estressoras que interferem até nos relacionamentos familiares. O afastamento da família, a sobrecarga daqueles que zelam pelo idoso são fatores preponderantes para reduzir sobremaneira o conforto do doente. A perda da capacidade de reconhecer as pessoas próximas e a dependência total para as atividades básicas da vida são citados na literatura como algumas das dificuldades que os filhos, por exemplo, apresentam no convívio com os portadores de Alzheimer. A falta de preparo e, principalmente, de conhecimento acerca do curso progressivo da doença são fatores que interferem diretamente no vínculo familiar e nos cuidados prestados.

Embora nos últimos anos tenha-se observado um aumento da expectativa de vida, a taxa não acompanhou melhorias para a qualidade vitalícia de indivíduos com Alzheimer. Nesse sentindo, tem se estudado algumas alternativas não farmacológicas para a melhora do bem-estar, como a estimulação multissensorial, que possui benefícios incalculáveis para o cérebro, podendo auxiliar positivamente o tratamento do processo de demência.  Sendo assim, muitas pessoas têm procurado Instituição de Longa Permanência para Idosos (ILPIs) como uma alternativa mais adequada, que pode ser de grande ajuda se o local for comprometido à estimulação dos residentes.

A saúde do paciente sempre deve estar em primeiro lugar. Por isso, é fundamental que desde o diagnóstico sejam criteriosamente escolhidos os métodos mais apropriados entre as clínicas, residenciais geriátricos e profissionais especializados no assunto.

Autora: Gabriela de Oliveira – Médica geriátrica

 

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