ARTE & COMUNIDADE | Primeira etapa do Casas da Quebrada, em Caxias do Sul, será realizada no dia 20 de maio
O Instituto SAMbA – conhecido por realizar ações de arte e cultura com impacto social, presidido pela arquiteta caxiense Jessica De Carli – realizará, no dia 20 de maio, sábado, das 9h às 16h, a primeira etapa do projeto Casas da Quebrada, no bairro Euzébio Beltrão de Queiroz, em Caxias do Sul. Com financiamento da Secretaria da Cultura do Estado do Rio Grande do Sul, a ação contará com a participação de diversos artistas, como Fernanda Rieta, Kelvin Koubik, Ana Scarceli, Rafael Lunardon, Róger Zortéa e Marcos Sikorski, que pintarão residências na comunidade.
O Casas da Quebrada dará sequência à atuação do Projeto Mosaico na Quebrada – idealizado pelo rapper, Doutor e Mestre em Diversidade Cultural e Inclusão Social Chiquinho Divilas – que, com diversas intervenções no bairro nos últimos dois anos, tem dado mais cor e visibilidade à comunidade local. “A sinergia de todas as esferas fortalece mais ainda nossas ações. A necessidade de projetos para quem mais precisa, atendendo as demandas que vem das quebradas, contribui também para reduzir as estatísticas da violência” – destaca Chiquinho.
Uma das realizadoras, Jessica De Carli afirma que o principal objetivo das ações é contribuir para o aumento da qualidade de vida dos moradores: “A Arte Urbana abre pautas necessárias nesse sentido porque utiliza a cidade como plataforma de interferência, democratizando o acesso à informação. A gente precisa consolidar o diálogo entre o ´morro e o asfalto`, requalificar espaços da comunidade, tornando-os mais agradáveis e acolhedores, com atividades culturais” – comenta.
A programação da etapa também contará com oficinas de graffiti com os grafiteiros Fernanda Rieta e Marcos Sikosrki e apresentação musical do rapper Chiquinho Divilas e convidados. O ponto de encontro será no Vielas Espaço Cultural, na Rua Vinte de Setembro, 3459.
Confira o cronograma completo:
09:00 – Início das atividades e café da manhã oferecido pelos Postos SIM.
09:30 – Início das pinturas com artistas e tintas Renner
10:00 – 11:30 – Oficina de Graffiti
11:00 – Apresentação Chiquinho Divilas e Convidados
12:00 – Almoço para voluntários oferecido pela Orquídea e comunidade
14:00 – 15:30 – Oficina de Graffiti
16:00 – Encerramento das atividades
Projeto Mosaico na Quebrada: a primeira ação no bairro foi realizada em 4 de dezembro de 2021, no Escadas da Quebrada, com a pintura das escadarias ao lado do Estádio Centenário. Em 2022, diversas iniciativas deram sequência ao processo de colorir cada vez mais o bairro Euzébio Beltrão de Queiroz. Em junho do mesmo ano, o Muros da Quebrada reuniu grafiteiros de todo o Brasil, que fizeram intervenções artísticas em múltiplos pontos das vias da comunidade. Em dezembro, o projeto entregou uma praça comunitária no bairro, nomeada pela comunidade como “Mirante do Beltrão”. Fernando Morais, presidente do Vielas Espaço Cultural – que foi inaugurado em 2022 em parceria com o projeto – afirma que o impacto das ações já é visível no bairro: “O projeto chegou na comunidade com o objetivo não só de colorir, mas também de levar um pouco mais de dignidade para os moradores. O mais importante, além de transformar os espaços físicos, foi proporcionar informação e cultura às pessoas, provocando uma quebra nesse sistema hereditário de falta de conhecimento e de direitos, muitas vezes negados pela sociedade” – destaca.
O Casas da Quebrada tem financiamento do Pró-Cultura RS – Lei de Incentivo à Cultura do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, realização do Instituto SAMbA, apoio institucional Chiquinho Divilas e Vielas Espaço Cultural e patrocínio da Florense, Postos Sim, Pisani, Orquídea e Tintas Renner.
O que: 1ª etapa do projeto Casas da Quebrada
Quando: 20 de maio, sábado, das 9h às 16h.
Onde: Vielas Espaço Cultural |Rua Vinte de Setembro, 3459 | Bairro Euzébio Beltrão de Queiroz | Caxias do Sul
Acompanhe no Instagram: @mosaiconaquebrada | @institutosamba | @chiquinhodivilas | @vielasespacocultural
Reportagem Carlinhos Santos | Casas e coloridos
Mais do que pintar casas, eles querem transformar vidas. Buscam colorir o mundo em detrimento do cinza que às vezes pesa, segrega e até violenta a cidade e a vida de muita gente. Rafael Lunardon e Ana Scarceli, que atua com a equipe Becos Crew, são dois artistas da trupe criadores que vai participar da primeira etapa do projeto Casas da Quebrada, no bairro Euzébio Beltrão de Queiroz, dia 20 de maio, das 9h às 16h. Da porta para dentro, querem dar mais cidadania aos moradores destes lugares. Da casa para a rua, acreditam na arte que pode transformar o mundo, dar beleza multicor à vida. Confira as idéias destes dois criadores que participam do projeto realizado pelo Instituto SAMbA com apoio institucional de Chiquinho Divilas e Vielas Espaço Cultural, feito com financiamento do Pró-Cultura RS – Lei de Incentivo à Cultura do Governo do Estado do Rio Grande do Sul e patrocínio da Florense, Postos Sim, Pisani, Orquídea e Tintas Renner.
Ana Scarceli
Como foi a decisão da arte que vocês farão?
-Foi inspirada na própria quebrada. Daremos destaque a uma ave típica da região, o falcão peregrino, que além do destaque à fauna nativa é mascote de um time muito querido na quebrada.
A arte urbana feita por crews reforça na ideia de coletivo?
-É muito importante ter sua individualidade na arte, porém, quando trabalhamos juntos, a arte cresce e a magia acontece! A mistura de estilos e ideias traz uma diversidade muito rica para os murais. Estou aprendendo, crescendo e amadurecendo muito junto com minha equipe, a Becos Crew. Trabalhar em equipe tem suas dificuldades também, porém estas tem servido de aprendizado para cada dia mais estarmos em plena sintonia, pois o amor de cada um pela arte é grande e juntos se torna maior ainda.
Como a arte urbana pode ter relevância social?
-Acredito que a arte urbana tem grande poder de transformar os espaços e as pessoas. É incrível como a cor traz alegria e os desenhos voz e representatividade ao povo.
E sobre a participação das mulheres no ambiente da arte urbana?
-É de extrema importância, pois é característico desta destacar causas importantes e dar voz as pessoas através dos muros. E a luta contra o machismo ainda continua, pois até hoje nós mulheres não temos as mesmas oportunidades. Sinto-me lisonjeada de participar de tantos projetos importantes como este e trazer essa representatividade para nós mulheres mostrando que somos fortes, resistentes e que nossa arte, além de qualidade, tem muito a dizer!
Rafael Lunardon
Qual a proposta do teu trabalho no Casas da Quebrada?
-No desenho que vou fazer trouxe muito forte a questão da brasilidade, atendendo a vontade da dona da casa, que era ter animaizinhos. Fiz uma releitura da onça pintada, que é branca, numa alusão à roupa do sambista, com detalhe do chapéu de sambista. É uma forma de iniciar um diálogo sobre cultura brasileira.
A arte urbana muda a paisagem e a vida?
-A arte tem o papel de fazer as pessoas pensarem, tem que ser provocativa, despertar curiosidade. Não é meramente decorativa. Com uma massa de concreto, cinza e prédios, a paisagem urbana é muitas vezes opressora. Com uma imagem agradável, colorida, bonita, se desperta o sorriso nas pessoas. É fundamental que a arte esteja na rua, pois às vezes a arte está restrita a só uma parcela da sociedade.
Qual a importância desse projeto para a Caxias do Sul?
-Ele está dando voz para comunidades que estão à margem da sociedade. Caxias do Sul é uma cidade industrial, tem um cinturão de favelas gigante e o projeto vem para dar visibilidade e propor que a sociedade crie um elo com esses grupos. A forma de fazer isso foi utilizar a arte como uma porta de entrada para sinalizar a mudança. O projeto está conseguindo engajamento dos moradores, empresários e outras entidades. É melhor se todo mundo tiver a mesma qualidade de vida, as mesmas oportunidades.
A arte urbana tem sido mais respeitada por causa destes engajamentos sociais?
-Sim, com certeza. As pessoas acabam entendendo que ela é um meio para iniciar a transformação da realidade das comunidades mais pobres. Isso devolve autoestima para as pessoas que estão esquecidas e a sociedade passa a entender como funciona esse mecanismo. A arte é um meio para criar essa transformação.
Divulgação Sabe Caxias: