Saiba os detalhes dos palcos que compõem o 14º Mississippi Delta Blues Festival, em Caxias do Sul
Com o tema “B. B. King Museum Edition”, a 14ª edição do Mississippi Delta Blues Festival (MDBF) será realizada nos dias 7, 8 e 9 de dezembro, no Parque de Eventos da Festa da Uva, em Caxias do Sul (RS), homenageando a uma das figuras mais lendárias do Blues.
O MDBF 2023 contará com sete palcos para suas apresentações. Confira abaixo os nomes e suas inspirações:
- B.B. King Museum – Main Stage
O palco principal desse ano presta uma homenagem e um agradecimento ao B.B. King Museum, localizado em Indianola (MS), local que acolhe, revive e que passa adiante o legado de BB King e do Blues. Localizado na Alameda do Parque de Eventos da Festa da Uva, o Main Stage honrará esta importante parceria, que contribui e engrandece ainda mais a história do Mississippi Delta Blues Festival.
- Big Red Stage
No auge da sua vida na estrada, B.B. King chegou a realizar mais de 300 shows por ano. Para essa empreitada, o bluesman contou com diversos ônibus particulares ao longo da sua carreira e o mais icônico de todos foi o primeiro, batizado de Big Red, um Aerocoach P-37, de 1945, com capacidade para 37 passageiros, adquirido em 1955. Devido ao alto custo, foram mantidas suas cores originais: vermelho e creme, cruzando os EUA até 1957, quando ficou completamente destruído após um acidente de trânsito no Texas.
Nos anos 90, B.B. e sua equipe chegaram a viajar com dois ônibus durante suas turnês, quando o músico tirou sua licença de motorista e dirigiu-o em algumas ocasiões. Seus ônibus eram equipados com sistema de som e TV, onde ele e sua banda assistiam filmes de velho oeste. O MDBF decidiu homenagear esse veículo lendário no palco do Jardim das Réplicas.
- Club Ebony Stage
A tão querida e conhecida “Casinha do Blues” do MDBF nessa edição homenageia o grandioso Club Ebony, um dos clubes afro-americanos mais importantes da história do Blues. O Ebony foi construído por Johnny Jones logo após o final da Segunda Guerra Mundial e era majoritamente frequentado por negros. Jones já havia administrado outros clubes em Indianola, principalmente o Jones Nite Spot na Church Street, onde o jovem B. B. King espiava através das frestas para testemunhar apresentações como de Louis Jordan, entre outros.
Em 1967, durante uma entrevista, B.B. lembrou que Jones foi uma das importantes pessoas que mantiveram vivo o bairro, trazendo aos palcos do clube nomes relevantes do cenário cultural e musical, além de ser bastante compreensivo com os frequentadores que trabalhavam em plantações e que não tinham dinheiro para pagar. O Ebony passou por diversos donos mas, em 2008, B.B. King o comprou, mantendo presente a lembrança desse local que foi um importante marco histórico e ponto de diversos artistas lendários.
Atualmente, o Club Ebony está em funcionamento, totalmente reformado e foi reinaugurado em junho deste ano, sendo administrado pelo B.B. King Museum.
- High Chaparral Stage
A foto icônica do ídolo usada na logomarca do Museu de Indianola, e também símbolo desta edição do MDBF, foi tirada por Charles Sawyer em 1988 em um bar chamado High Chaparral, em Chicago. Ao descrever o momento, ele conta que ficou sentado na mesma mesa durante três noites olhando para sua câmera, esperando, clicando, rolo após rolo, para obter a imagem perfeita. Para ele, a fotografia expressa o momento exato onde fica evidente o poder e a humildade de B.B. King. Mais tarde, ele batizou a foto de “Redemption”. High Chaparral remete ao Old West (Velho Oeste) e também batiza o surgimento de um sonho antigo: provocar a fusão do Country Blues americano com o regionalismo do nosso estado, valorizando as origens e respeitando as mais diversas manifestações artísticas que permitem misturar os ritmos oriundos do sul dos continentes.
- Lucille’s House (Casa 16)
Durante o evento, a Casa 16 das réplicas de Caxias do Sul vai se chamar Lucille’s House, abrigando os espaços dos principais patrocinadores do Festival. Lá dentro, também teremos o Thrill Is Gone Stage hosted by Renato Velho, com sua produção de cigar box guitars e washboards.
O nome Lucille vem, é claro, da guitarra mais icônica de B. B. King. Sua história conta que, em meados de 1950, o músico e seus companheiros de banda costumavam tocar em um clube da pequena e simpática cidade de Twist, no Arkansas. Nos dias mais frios, uma lata com querosene e fogo era posicionada no centro do salão, aquecendo o local e estimulando as pessoas a dançarem e se divertirem. Em uma das noites, enquanto B.B. se apresentava, dois homens repentinamente começaram a brigar.
Na confusão, a lata virou e rapidamente o fogo se espalhou pelo salão. O incêndio ganhou grandes proporções e, ao chegar do lado de fora do bar, B.B. percebeu que havia esquecido sua guitarra e, sem pensar duas vezes, voltou para buscá-la. Felizmente, ele conseguiu sair do local com ela, escapando por pouco. Ele conta que quase perdeu sua vida naquele dia.
Pouco depois, B. B. descobriu que os homens tinham brigado por causa de uma mulher cujo nome era Lucille. A partir disso, batizou sua guitarra com esse nome, como um lembrete para nunca mais arriscar-se daquela forma. Ao longo de sua carreira, B.B. King trocou de guitarra diversas vezes, mas desde então todas elas se chamaram Lucille.
- Hummingbird Coffee Shop – Workshops & Workshows
A música “Hummingbird”, eternizada na voz de B.B. King, foi lançada no álbum “Indianola Mississippi Seeds”, em 1970, de autoria de Leon Russel. No Hummingbird Café, em meio às árvores e ao lado do Itta Bena Camping, teremos os tradicionais workshops e workshows. Além disso, na calada da madrugada, o DJ Roman Leal, diretamente de Londres, executará o projeto Psycotropic Frequencies, mesclando Blues & Soul com pegadas eletrônicas.
- Indianola Mississippi Seeds Stage
Nesse espaço, a Cia. Municipal de Dança de Caxias do Sul apresentará o espetáculo “Church St. Corner”. B.B. King iniciou sua carreira tocando numa esquina localizada na cidade de Indianola (MS). Como talentoso músico de rua naquela época, ele fazia o que hoje se chama de “busking”, tocando por “tips” (gorjetas) na esquina da Second St. com a Church St., a poucos quarteirões do famoso Club Ebony. Paula Giusto, atual diretora da Cia. Municipal de Dança de Caxias do Sul, junto ao idealizador do festival, Toyo Bagoso, mergulharam nessa fase da obra de B.B. King, quando ele fazia da rua o seu “grande palco”.
O resultado dessa imersão foi a performance cênica “Church St. Corner”, interpretada pelo atual elenco da Cia. Ao mergulhar na obra do músico e explorar a realidade das ruas onde ele começou sua carreira, a companhia de dança cria uma narrativa que combina a expressão artística da dança com as poderosas histórias contadas pelas músicas de King.
O espetáculo promete trazer, de forma divertida e contagiante, os sentimentos da vida cotidiana na sua manifestação através das letras que falam de amor, desilusões, perdas e reconciliações. A abordagem de explorar a música e a vida de B.B. King através da dança é única e, certamente, oferecerá uma perspectiva artística fascinante para o público. A combinação de movimento, música e narrativa pode criar uma experiência envolvente e memorável para todos os espectadores.