Grupo Miseri Coloni presta homenagem aos 100 anos do surgimento de Nanetto Pipetta

 

A peça Miseri Coloni dá Voz ao Silêncio apresenta o primeiro texto publicado do conhecido personagem da Serra Gaúcha 

Foto Margô Segat

O grupo Miseri Coloni sobe ao palco outra vez para apresentar a peça Miseri Coloni dá Voz ao Silêncio, nos dias 23 e 24 de janeiro, às 20h, no Teatro Pedro Parenti, na Casa de Cultura de Caxias do Sul. Os ingressos podem ser adquiridos no local ou pelo Sympla e custam R$ 30 e na hora R$ 60.

Se a estreia, em outubro, foi considerada um sucesso, desta vez ganha ainda mais relevância por prestar uma homenagem ao surgimento de Nanetto Pipetta. A data foi especialmente escolhida porque há exatos 100 anos, em 23 de janeiro de 1924, foi publicado pela primeira vez o artigo de Nanetto Pipetta no jornal Staffetta Riograndense (Correio Riograndense). O público terá a oportunidade de descobrir e valorizar a obra literária escrita pelo frei Aquiles Bernardi que serve de referência para o Talian, reconhecida como segunda língua de Caxias do Sul e outros municípios da região. 

O jornal publicou, semanalmente, por apenas um pouco mais de um ano as histórias escritas em vêneto que retratavam a figura de um imigrante que chegou na América em busca da “cucagna”. Ele era ingênuo, esperto, puro, trabalhador e personificou todos os que vieram da Itália para o Novo Mundo. O público do espetáculo vai receber uma edição reeditada do jornal no qual consta o primeiro texto Vita e Storia de Nanetto Pipetta.

A peça: 

O dramaturgo Jorge Rein escreveu o texto do teatro documentário, focado no contexto dos anos 1920 e 1930, onde ocorreram as comemorações do Cinquentenário da Imigração Italiana, em meio a situações de conflitos e disputas políticas entre Ximangos e Maragatos no Rio Grande do Sul e a chegada ao poder do fascismo na Itália com influência de Mussolini na região proibindo a fala do Talian e tendo o desfecho com a Segunda Guerra Mundial. E dentro disso os imigrantes italianos fazendo sua história, com marcas importantes que permanecem vivas até hoje. 

O diretor do espetáculo, Fábio Cuelli, explica que a montagem teatral reúne relatos pessoais dos integrantes do Miseri Coloni e a partir deles foram reconstruídos fatos históricos, como a partida da Itália rumo ao Brasil, a construção de uma nova vida e os atritos políticos nacionais e internacionais que afetaram os imigrantes italianos e seus descendentes em solo gaúcho durante os últimos quase 150 anos.

A dramaturgia cênica parte da memória pessoal de cada integrante e sua relação com os acontecimentos abordados no texto. Tais memórias compartilhadas trouxeram novas perspectivas para o que parecia perpetuar a cicatriz do sofrimento, trazendo à tona uma atitude de resistência contra os retrocessos políticos e sociais. Um fruto importante dessa resistência é o Talian, que na última década tornou-se uma língua reconhecida pelo IPHAN como referência cultural brasileira. 

O elenco: 

O espetáculo movimenta mais de 40 profissionais entre atores, atrizes, técnicos e prestadores de serviços. Além de atores e atrizes integrantes do Miseri em outros espetáculos, como Marco Antônio e Nádia de Carli, esta montagem conta com novos integrantes atores, atrizes, cantores e cantoras. 

A peça utiliza-se da poética do teatro documentário, com depoimentos reais, faz o uso de máscaras, sombras, canto, dança e projeção de vídeos e fotos, captados e editados por André Costantin e Daniel Herrera, que aprofundam o diálogo cênico entre a imagem projetada e o texto. O desenho de luz de Luiz Acosta concretiza a atmosfera sensorial de cada cena. Os figurinos de Magali Quadros possuem uma precisão histórica, realista e torna possível a experiência de transitar pelo tempo. 

A direção musical é realizada por Cibele Tedesco, dedicada em pesquisar as trilhas e fontes originais das composições, também conduz as vozes e sons de todo o espetáculo, com a excelência de alguém que possui a sensibilidade e a experiência artística necessárias para interromper o silêncio do qual nos referimos no título. 

A equipe conta com João Tonus em sua imensa dedicação à memória e pesquisa sobre a imigração italiana, que fundamenta e torna viável colocarmos não uma nova verdade sobre a história, mas um questionamento digno para projetarmos o futuro. Cleri Pelizza está como produtora e atriz, força motriz de todas as atividades da Associação Cultural Miseri Coloni.

 Associação Cultural Miseri Coloni

 Com uma trajetória de mais de 40 anos e 11 peças, o grupo Miseri Coloni desde a sua origem, tem o objetivo de salvaguardar e valorizar a cultura dos imigrantes italianos, principalmente no seu aspecto dialetal, o Talian. Para tanto, se vale do teatro, do canto e de promoções culturais variadas, sempre buscando resgatar de forma autêntica as tradições dos imigrantes. Com este propósito, participa, com outras entidades, de movimentos e ações em prol do talian: é co-fundadora da Associazione Culturale Internazionale SORAIMAR, sediada na Itália, e integra o Ponto de Cultura Casa das Etnias, em Caxias do Sul, RS.

A sede do Miseri Coloni, abriga inúmeras atividades, servindo de local para ensaios, encontros, oficinas, integração e intercâmbio com outros artistas. É também ali que o grupo guarda sua história através de objetos, figurinos e todo tipo de material referente aos seus espetáculos e à cultura do imigrante italiano.

Divulgação Sabe Caxias:

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