Sabor, Ciência e Saúde: Simpósio revela potencial nutricional do suco de uva brasileiro

Evento reuniu cerca de 200 pessoas em Bento Gonçalves

Autores dos trabalhos científicos que foram expostos receberam troféus. Foto Emerson Ribeiro

Cerca de 200 pessoas, entre profissionais dos setores vitivinícola, saúde e nutrição, bem como estudantes, participaram do Simpósio Suco de Uva & Saúde, realizado na última semana em Bento Gonçalves. Promovido pelo  Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS) e pelo Campus Bento Gonçalves do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IFRS), com apoio do Sebrae-RS, o evento atraiu interessados em debater e trocar experiências a respeito dos benefícios nutricionais do suco de uva brasileiro e os avanços tecnológicos em sua produção. 

Em um momento em que a indústria de suco de uva busca constantemente inovações e avanços na pesquisa, este simpósio desempenha um papel crucial ao reunir profissionais dos setores vitivinícola, saúde e nutrição. Além de promover a troca de experiências, o evento destaca-se por sua contribuição significativa para o desenvolvimento de novas tecnologias, aprimoramento da qualidade do produto e disseminação de informações sobre os benefícios nutricionais do suco de uva, fortalecendo assim não apenas a indústria, mas também a promoção da saúde pública. A bebida atrai cada vez mais os paladares de consumidores no Brasil e no Exterior.

“O suco de uva suco de uva representa muito para a cadeia produtiva da uva do nosso Estado. Cerca de 55% da uva produzida é destinada à elaboração da bebida. Em parceria com a Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi-RS), o Consevitis-RS executa inúmeros projetos que buscam promover a sustentabilidade e a viabilidade econômica da cadeia produtiva. É um privilégio estar aqui debatendo e trocando informações com profissionais renomados internacionalmente”, enalteceu Everton Milani, presidente da Associação Gaúcha de Vinicultores (Agavi) e conselheiro do Consevitis-RS.

A primeira mesa redonda reuniu especialistas que falaram a respeito de matérias-primas e insumos para a elaboração de suco de uva. A Dra. Patrícia Ritschel, da Embrapa Uva e Vinho, falou à plateia a respeito do Programa de Melhoramento Genético Uvas do Brasil. A iniciativa, desenvolve variedades da fruta mais potencial à produção da bebida, atendendo à demanda de mercado. Ela detalhou a respeito das cultivares BRS, entre elas BRS Rubia, BRS Cora, BRs Carmem, BRS Violeta e BRS Magna, que têm se apresentado excelentes para a produção da bebida.

“A principal contribuição talvez tenha sido o aumento da safra para 70 dias. Com isso, o produtor ganha mais tempo para processar a fruta. O aumento de brics (açúcar) e a diminuição da acidez também, do ponto de vista comercial, é positivo”, explicou Patrícia. “As novas variedades também possibilitaram a produção em regiões tropicais”, acrescentou.

No mesmo painel, a Dra. Giselle Ribeiro de Souza, professora do IFRS Campus Bento Gonçalves, abordou o arcabouço legal e os parâmetros de qualidade relacionados à bebida. Em sua fala, a especialista explicou ao público nomenclaturas como “suco integral”, “reconstituído”, “concentrado” e “desidratado” e o que diz a legislação sobre práticas enológicas permitidas, como uso de insumos como aditivos e coadjuvantes. “Em 2023, de acordo com o Cadastro Vitícola, cerca de 95% da produção de sucos de uva no Brasil foi do tipo tinto. O suco orgânico correspondeu a 7% da produção. Esse tipo de suco é uma realidade que veio para ficar”, comentou.

Já o Me. André Gasperin, gerente de Enologia da Cooperativa Vinícola Nova Aliança, falou sobre as perspectivas e os desafios futuros, elaboração e matérias-primas. “O suco tem que lembrar a fruta. A pessoa que consome o suco tem que ter a sensação parecida de quando consome a fruta”, afirmou. Gasperin também abordou questões como aspectos econômicos e sociais, tais como as famílias produtoras e a permanência do jovem no campo, mecanização da colheita e tendências. “As perspectivas de mercado são muito interessantes. A escassez de outras frutas abre portas para o suco de uva.” Por fim, o enólogo falou sobre desafios comerciais, como logística e distribuição e oportunidades em mercados externos. “Quando o mundo conhecer o suco de uva brasileiro, vai faltar matéria-prima para produzir”, salientou Gasperin.

A segunda mesa-redonda do Simpósio Suco de Uva e Saúde reuniu especialistas em torno do tema “Tecnologia/Qualidade de suco de uva”. A Dra. Fernanda Spinelli, do Laboratório de Referência Enológica (Laren) e representante do Brasil na Organização Internacional da Vinha e do Vinho (OIV), disse que poucas frutas têm chamado atenção nas pesquisas de consumo x saúde como a uva. “Houve um aumento expressivo de produtos fermentados e não fermentados com base nessa fruta. A uva ocupa o terceiro lugar na exportação de sucos, atrás apenas de laranja e maçã”. Ela explicou a respeito do trabalho desenvolvido na OIV no que diz respeito à legislação do suco de uva, bem como a padronização dos parâmetros do suco brasileiro junto à entidade. O painel também contou com as participações do Dr. Cesar Rombaldi, da FAEM/UFPel, com a palestra: Sucos de uva brasileiros: muito mais do que alimento! e da Ma. Maria Dutra, do IF Baiano, que falou a respeito da bioacessibilidade de compostos fenólicos de suco de uva.

Na parte da tarde, um terceiro painel abordou o tema “Nutrição e hábitos alimentares relacionados ao suco de uva”. Uma das pioneiras nas pesquisas com a bebida no Brasil, a Dra Caroline Dani, do projeto Suco de Uva Puro e presidente da Associação Brasileira de Sommeliers (ABS-RS) afirmou em sua palestra que inúmeros derivados da uva ajudam na longevidade. “A gente é o que a gente come e como a gente vive. A uva é riquíssima em polifenóis de fácil absorção e minerais, que geram benefícios à saúde humana”.

Em seguida, a Ma. Bruna Postingher Accadrolli, falou a respeito dos benefícios do suco de uva para a saúde em todos os ciclos da vida. “Para as crianças, por exemplo, é uma excelente fonte de energia rica em nutrientes. Já os adolescentes costumam ter uma dieta mais pobre nutricionalmente, então o suco de uva traz uma quantidade significativa de nutrientes que são importantes para o desenvolvimento dos adolescentes. No caso dos adultos, não há dúvidas do quanto o organismo se beneficia, como melhorias na capacidade mental e no humor. Em relação aos idosos, há bastante estudos que demonstram os potenciais do suco de uva, principalmente a melhoria na qualidade de vida como um todo. Eles apresentam condições de saúde que precisam de uma atenção maior, como uma diminuição natural da imunidade e um declínio cognitivo natural dessa fase da vida. Vários estudos demonstram os benefícios do suco de uva justamente contra essas questões bastante prevalentes na terceira idade”, explicou Bruna.

Por fim, o Dr. Anderson Teodoro, do Departamento de Nutrição e Dietética da Universidade Federal Fluminense (UFF), apresentou sua pesquisa sobre o metabolismo dos compostos bioativos da uva na prevenção e tratamento de doenças.

Além das mesas-redondas, os participantes do Simpósio Suco de Uva & Saúde conferiram uma exposição de trabalhos científicos, na forma de pôsteres, relacionados à bebida. O evento contou ainda com degustar e comercialização de produtos fornecidos por empresas produtoras da bebida: Organovita, Cooperativa Vinícola Aurora, Vinícola Miolo, Cooperativa Vinícola Nova Aliança, Casa Madeira, selecionadas por meio de edital do IFRS, e também IFRS – CVE e Embrapa Uva e Vinho.

Créditos das imagens em anexo: Emerson Ribeiro

Sobre o Consevitis-RS

O Instituto de Gestão, Planejamento e Desenvolvimento da Vitivinicultura do Estado do Rio Grande do Sul (Consevitis-RS) atua no apoio, difusão e financiamento de demandas relacionadas à produção de uvas, vinhos, sucos de uva e demais produtos derivados no âmbito agrícola, produtivo, técnico, promocional, cultural, ambiental, jurídico e institucional. O instituto também está envolvido em programas de ensino, pesquisa, extensão e inovação, visando ao constante desenvolvimento e aprimoramento do setor vitivinícola.

Divulgação Sabe Caxias.

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