“O futuro do Brasil é elétrico? Não! O futuro do Brasil é eclético”, afirma presidente da Anfavea em RA da CIC Caxias
Márcio de Lima Leite defendeu transição responsável em busca da descarbonização
Com essa afirmação, o presidente da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), Márcio de Lima Leite, conduziu sua palestra na RA (reunião-almoço) especial da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias), nesta quinta-feira (7), destacando que o Brasil possui uma diversidade de soluções para a descarbonização, incluindo biocombustíveis e tecnologias próprias. Segundo ele, o País deve adotar uma abordagem ampla e sustentável na transição para uma economia de baixo carbono e de eletrificação da frota, aproveitando suas alternativas energéticas e sua robusta base industrial. “O que vai prevalecer é o somatório de esforços em busca da descarbonização, de forma responsável”, argumentou.
Leite elogiou a força industrial de Caxias do Sul, que ele considera um exemplo do que o Brasil pode alcançar em termos de desenvolvimento e inovação. “Caxias representa o que queremos para o Brasil: uma indústria pujante, com uma cadeia de fornecedores altamente qualificada”, afirmou, ressaltando que a cidade mantém um papel estratégico no setor automotivo nacional.
Representando cerca de 20% do PIB industrial do País, a indústria automotiva vive atualmente o maior ciclo de investimentos de sua história, com R$ 130 bilhões destinados à modernização e transformação tecnológica. Leite alertou, porém, para os riscos de uma transição apressada, que pode causar problemas como o desemprego e a desindustrialização, erros observados em outras regiões do mundo, especialmente na Europa. “O Brasil não deve se render a modismos. Precisamos de uma transição que preserve empregos e valorize tecnologias nacionais, como o etanol e o biometano, que têm grande potencial de descarbonização”, explicou.
O presidente da Anfavea também destacou a importância de políticas que incentivem a renovação da frota nacional, que hoje sofre com altas taxas de juros, afastando os consumidores dos veículos novos e elevando as emissões da frota antiga. Ele defende uma estratégia que integre veículos híbridos e movidos a biocombustíveis, em vez de focar apenas em elétricos, para alcançar uma descarbonização responsável.
Outro ponto crucial da palestra foi a crescente presença de importações chinesas no mercado brasileiro. Leite chamou a atenção para a necessidade de proteção ao mercado local e de políticas que incentivem empresas estrangeiras a investir em produção e desenvolvimento no Brasil, fortalecendo a cadeia de fornecedores locais. “Este momento me leva a refletir sobre a responsabilidade de saber que 1,2 pessoas são impactadas todos os dias por decisões que nós tomamos. Trazer investimentos é uma das tarefas mais difíceis, porque hoje nós concorremos com grandes países, países que romperam barreiras, que contam com subsídios. E você convencer matrizes, ou mesmo o empresário brasileiro a investir em um País com as dificuldades naturais que nós temos é um processo desafiador”, avaliou.
Leite acrescentou também que a expectativa do setor é de crescimento para este ano e também para o ano que vem. “Tem uma questão que pode mudar um pouco o ritmo do crescimento, que é a taxa de juros. Mas não temos dúvida que o Brasil vem apresentando crescimento de forma constante. Esse ano serão 15% de crescimento. Caminhão, nós tivemos um aumento de 30% na produção em relação ao ano passado. Então, continuamos seguindo com confiança total no crescimento do mercado também para o ano que vem”, elucidou.
Ao abrir o evento, o presidente da CIC Caxias, Celestino Oscar Loro, evidenciou o potencial econômico da Serra Gaúcha. “Além de sua tradicional vocação industrial, vinícola e turística, a Região se destaca nacionalmente pelo vigor e pela inovação de seu ecossistema empresarial. Aqui em Caxias do Sul, respiramos tecnologia, com uma cadeia industrial produtiva sólida em peças, componentes e veículos, composta por empresas que têm, há décadas, contribuído para a competitividade do setor automotivo nacional e global”, disse Loro.
Divulgação Sabe Caxias: