Diretores da CIC Caxias destacam desafios estruturais e oportunidades para o desenvolvimento de Caxias do Sul

Marcos Victorazzi e Joarez Piccinini foram os palestrantes da RA desta segunda-feira (18)

Marcos Victorazzi, Celestino Loro e Joarez Piccinini

Durante a RA (reunião-almoço) da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC Caxias) desta segunda-feira (18), os diretores de Planejamento, Economia e Estatística da entidade Marcos Rossi Victorazzi e Joarez Piccinini apresentaram as principais tendências para a economia mundial – especialmente os efeitos pós-eleição de Donald Trump para a presidência dos Estados Unidos – e brasileira, além de mostrarem um panorama econômico de Caxias do Sul, destacando os desafios estruturais que impactam a competitividade do município. Em um cenário marcado por custos logísticos elevados e infraestrutura deficitária, os executivos apontaram caminhos para garantir o desenvolvimento sustentável e atrair novos investimentos.

De acordo com os dados apresentados, o custo logístico em Caxias do Sul e Região atinge 22,82% do PIB local, superando a média do Rio Grande do Sul (21,63%) e do Brasil (19,83%). “Esse custo elevado compromete a competitividade das nossas empresas e afeta diretamente a capacidade de atrair novos negócios. Estradas sem duplicação, um aeroporto com limitações operacionais e a falta de integração logística com portos são fatores que aumentam ainda mais esse peso para o setor produtivo”, destacou Victorazzi. Ele ressaltou a urgência de projetos como o Aeroporto de Vila Oliva e o Porto Meridional de Arroio do Sal para integrar Caxias ao restante do Brasil e potencializar sua competitividade.

Para Marcos Victorazzi, os desafios são grandes, mas as oportunidades também. Caxias do Sul, com mais de 463 mil habitantes, 97% das empresas sendo de pequeno porte e um dos maiores polos industriais do estado, tem potencial para crescer ainda mais, desde que os problemas de infraestrutura sejam enfrentados. “Se equacionarmos o custo logístico e priorizarmos a modernização, Caxias pode consolidar-se como um dos principais motores econômicos do Rio Grande do Sul e do Brasil”, afirmou.

Os diretores também apresentaram dados que reforçam a importância econômica de Caxias. O município é a segunda maior economia do Rio Grande do Sul, com uma matriz diversificada que inclui o maior polo metalmecânico do Brasil e destaque na produção de hortifrutigranjeiros no estado. Ainda assim, a matriz econômica enfrenta riscos de envelhecimento. “Precisamos diversificar nossas atividades e criar condições para o surgimento de novos negócios. Iniciativas de inovação, como o Hélice, são um passo na direção certa para transformar a dinâmica econômica da cidade”, comentou Piccinini.

Outro ponto central da palestra foi a necessidade de reformas estruturais no Brasil. Piccinini destacou que o Brasil possui um sistema tributário extremamente complexo e que, apesar dos avanços com as reformas desde 2017, ainda há muito a ser feito. “Antes da Reforma Tributária, deveríamos ter feito a Reforma Administrativa para redimensionar o gasto público ao tamanho da nossa economia atual. Sem isso, enfrentamos contas públicas desorganizadas, dívida crescente e altas taxas de juros que encarecem a produção”, alertou Piccinini.

Em seu pronunciamento de abertura, o presidente da CIC Caxias, Celestino Oscar Loro, aproveitou a oportunidade para abordar o tema da proposição do fim da escala de trabalho 6×1. Segundo ele, este é um assunto que exige reflexão, discussões mais aprofundadas e, acima de tudo, a busca por soluções que não tragam mais riscos do que benefícios. “Antes de debater o fim da escala 6×1, precisamos, como sociedade, discutir questões estruturais, como o real custo do trabalho, o custo de empregar, o custo social que advém de uma medida como essa e, principalmente, a necessidade de flexibilização, e não de rigidez. Defendemos que as jornadas de trabalho sejam pautadas por acordos e negociações coletivas, respeitando as especificidades de cada setor, e não pautadas pela imposição de uma legislação engessada. O impacto do fim da escala 6×1 é claro: quem vai pagar a conta serão as classes menos favorecidas”, afirmou.

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Crédito da foto: Júlio Soares/Objetiva

Divulgação Sabe Caxias:

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